O índice de endividamento nas capitais brasileiras permaneceu estável nos últimos dois anos, com 78% dos lares nessa condição. No entanto, o número de famílias com contas atrasadas cresceu 12,8% no período, passando de 11,28 milhões, em 2022, para 12,73 milhões, atualmente. Esse aumento equivale a 1,45 milhão de famílias adicionais nas capitais com dívidas ativas, como faturas de cartão de crédito, boletos do varejo ou financiamentos de veículos e imóveis. Os dados fazem parte de um estudo realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em relatórios do IBGE, da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e da própria Entidade.
De acordo com Fábio Pina, assessor da Entidade, quando bem estruturado, o endividamento pode alavancar o consumo e até investimentos de longo prazo, como educação ou compra de imóveis. No entanto, ele alerta para os riscos do endividamento de curto prazo, frequentemente usado para cobrir despesas cotidianas, o que pode comprometer a saúde financeira das famílias. “Atualmente, cerca de 70% dos lares no Brasil têm algum tipo de dívida. Destes, 25% têm pagamentos em atraso e 10% já enfrentam dificuldades para quitar esses débitos. O cartão de crédito é o principal instrumento de endividamento, principalmente quando utilizado para parcelamentos de longo prazo. Esse tipo de dívida exige atenção especial em cenários de alta inflação, pois corrói o poder de compra, obrigando muitas famílias a complementar o orçamento com mais dívidas”, alerta Pina, durante o mesacast FecomercioSP Orienta de dezembro.
Quanto ao terço das famílias endividadas que lidam com atrasos nos pagamentos, Pina enfatiza que esses números refletem não apenas esquecimentos pontuais, mas também atrasos mais corrosivos. “Esse número é alto. A inadimplência no Brasil é elevada, mas já estava assim há muito tempo. Infelizmente, é um dos fatores que eleva a taxa de juros”, destaca. Mesmo em um cenário de crescimento econômico e aumento do emprego — com previsão de crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) e uma taxa de desemprego em torno de 6% a 6,5%, a menor dos últimos dez anos —, muitas pessoas ainda não conseguem equilibrar as contas. “Isso levanta uma preocupação importante: se, em um momento relativamente positivo, a inadimplência já é relevante, como será quando vivermos, inevitavelmente, um período de recessão ou desaceleração econômica? Essa possibilidade é motivo de grande preocupação”, acrescenta.
O endividamento responsável e políticas públicas voltadas para a educação financeira são fundamentais para reduzir os riscos de inadimplência e proteger as famílias brasileiras. Conforme destaca Pina, o melhor momento para pagar dívidas e poupar é quando a economia permite. Aproveitar a estabilidade atual para ajustar as contas é fundamental para evitar problemas futuros.
Fonte: Fecomercio
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